Amostra de um argumento de BD

Olá, amigas e amigos! Há uns dois anitos, ouvi uma piada engraçada que me inspirou a escrever este argumento intitulado VIDAS, que já ilustrei e até foi editada num boletim da associação Solidariedade Imigrante. Entretanto, dicidi edita-la neste espaço, para vos revelar a outra face do meu "savoir-faire" em banda desenhada, e se tens interesse em ilustrá-lo, contacte-me. Pois, gostaria de ver o resultado final em imagens.

Vidas
Por Don Lay

Quadro 1 – Esta história de uma página – em formato italiano - tem duas tiras horizontais. Neste primeiro quadro, vemos um jardim público, sem nenhuma árvore ao fundo onde os protagonistas travam conhecimento. Ambos com barbas por fazer, têm aparência de sem-abrigo. Surgindo do lado esquerdo, chega o homem branco de careca, sorridente que vamos chamar Zé Tuga, com um jornal debaixo do braço e uma garrafa de vinho. Encontrava-se sentado num banco um homem africano, também com uma garrafa de bebida alcoólico na mão e com cigarro no canto da boca, que damos o nome de Matumbo. Este encara o outro sem entusiasmo.

Zé Tuga: Pocho chentar ao cheu lado?
Matumbo: Pode. É banco público!

Quadro 2 – Mesma cena, mesmo ângulo, agora mais aproximado. Ou seja, vistos de peito para cima. O primeiro homem parece com vontade de manter a conversa.

Zé Tuga: O meu nome é Zé Tuga. E do chenhor é?
Matumbo: Prazer!
Matumbo: Chamo-me, Móvel. Matumbo Móvel.

Quadro 3 – Plano mais aproximado na cara de Matumbo, desta vez mostrado de perfil, bebendo dois goles.

Matumbo: Tá-se à vontade!
Som de bebida: Glup!

Quadro 4 – Plano aproximada sobre o rosto de Zé Tuga, que arregala os olhos como quem viu o diabo na página do jornal que está a ler. Do jornal não se vê o que ele lê ou vê, aparece apenas a parte superior daquela publicação intitulada «Manchete».

Zé Tuaga: Crise! Qual crise? Estes gajos só escrevem disparates. Eu é que sei o que é a crise. Porque já comi o pão que o diabo amassou!

Quadro 5 – Mesmo ângulo, desta vez no rosto de Matumbo, que se vira para o Zé, questionando-o.

Matumbo: Hik! Onde e quando?

Quadro 6 – Agora uma ligeira mudança de ângulo, afastando-se um pouco para mostrar a cabeça dos dois, de perfil. Em primeiro plano está o Matumbo, e Zé, em segundo.

Zé Tuga: Em França. Na década de 80.
Matumbo: Ô meu amigo. Estamos em 2006, os diabos de cá agora, não tem pão para amassar. Tás a topar a cena?

Fim
© Don Lay 2006